segunda-feira, 20 de maio de 2013

Eu... Santo?

            Outro dia amanhece.
            Ainda no leito, um senhor fecha os olhos novamente e fala com Deus:

Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu nome; venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal... Amém.

Em seguida, se levanta, se veste e sai para o trabalho.

No caminho, é fechado por um automóvel. A motorista, vendo seu erro, pede desculpas ao homem.
– Que desculpa... que nada! Aprenda a dirigir!



Na empresa onde trabalha, o mesmo senhor tem um jornada difícil. Reclama do segurança da portaria, das multas que levou, dos impostos a serem pagos, da internet lenta, do café amargo... Discute com um cliente, depois com um colega de trabalho... Xinga o filho por telefone...
– Ufa!

No fim da tarde, é convidado pela secretária para um drinque, que termina na cama.

O senhor volta para casa, dá um beijo na esposa adormecida, banha-se e, antes de dormir, repete a mesma oração da manhã.

*          *          *          *          *                   

A Escritura nos ensina que o Senhor é um Deus presente1. E que tudo o que acontece está claro, patente aos olhos Dele2. A Ele, nosso Criador3 e Sustentador4, teremos de prestar contas um dia5.



Como sempre quer o melhor para nós6, Ele nos orienta a sermos como Ele: SANTOS7.

Afinal, o que vem a ser isso? Biblicamente, “santo” quer dizer “separado”.

Em Romanos, o apóstolo Paulo afirma que aquele que verdadeiramente crê na obra de salvação do Senhor Jesus tem a sua vida transformada por Deus8. Essa transformação nada mais é do que uma separação de tudo aquilo que desagrada ao Senhor e, consequentemente, nos afasta Dele9.

Mentiras10, idolatrias11, prostituição12... Impurezas13, orgulho14, calúnias15... Lascívia16, egoísmo17, desonestidade18... Avareza19, falso juízo20, murmurações21... Falsidade22, inveja23, palavreado torpe24... Sim, a lista é grande exatamente para nos mostrar que o Senhor não pode contemplar o mal25.

Por outro lado, o raciocínio é simples: santidade é a escolha da vontade de Deus26. Não podemos mudar o que fizemos no passado. Mas podemos escolher o que fazemos hoje. E, pelas nossas escolhas, virão as consequências: boas ou ruins.



Dia após dia, hora após hora, minutos após minuto somos confrontados. De um lado da guerra: uma tentação, um prazer iníquo, um pecado. Do outro lado: a vontade pura e santa do Senhor. A escolha é nossa: minuto após minuto. Toda hora. A quem ouviremos: a nós mesmos ou a Deus? A quem agradaremos?

Agradando a nós mesmos, podemos ter felicidade por algum tempo... mas, provavelmente, junto dela virão culpa, vergonha, medo, intranquilidade e outras consequências que o pecado traz27. Agradando a Deus, nem sempre temos felicidade momentânea, porém não haverá culpa, nem vergonha, nem medo... A paz de Cristo inunda o nosso peito28 e nos aproxima mais um pouco de Quem tanto nos ama neste mundo29!




Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu nome nas nossas vidas30! De verdade! Em cada escolha que fizermos! Pois não queremos ser hipócritas de Te adorar aqui e Te esquecer ali... Queremos desfrutar constante e plenamente daquilo que nenhum dinheiro ou prazer deste mundo pode dar: do Teu amor maravilhoso!

Eu... santo?

Ah!!! Como Tu és, meu Pai! Como Tu queres, Senhor!


           

                                                         Pablo Bernardes


Referências bíblicas que embasam o texto:

1) Salmo 139.1-10; Jeremias 23.23-24
2) Provérbios 15.11; Hebreus 4.13
3) Isaías 40.28; Malaquias 2.10; Apocalipse 4.11
4) Isaías 41.10; Salmo 145.14
5) Hebreus 4.13; Romanos 14.12; Eclesiastes 11.9
6) Jeremias 29.11; Salmo 145.9
7) 1 Pedro 1.14-16; 1 Tessalonicenses 4.3a
8) 2 Coríntios 5.17; Romanos 6.22
9) Romanos 6.12-13
10) Efésios 4.25; Provérbios 12.22
11) 1 Coríntios 10.14; 2 Coríntios 6.16
12) 1 Tessalonicenses 4.3
13) 2 Coríntios 7.1; 1 Coríntios 6.13
14) Provérbios 21.4; Romanos 12.16
15) 2 Timóteo 3.3; Romanos 1.30
16) Marcos 7.21-23
17) 2 Timóteo 3.2
18) Jeremias 17.9
19) Lucas 12.15
20) Mateus 7.1-5
21) 1 Coríntios 10.10
22) Lucas 12.1
23) Marcos 7.21-23; Romanos 12.9
24) Efésios 4.29
25) Gálatas 5.19-21; Habacuque 1.13a
26) Romanos 12.2; Efésios 5.8-10
27) Romanos 6.20-21
28) João 14.27; Filipenses 4.7
29) Hebreus 12.14; Salmo 25.14
30) Mateus 6.9

segunda-feira, 6 de maio de 2013

As Flores que Nascem da Dor

Uma mãe pede a Deus um filho durante anos. A boa notícia chega, a gravidez transcorre sem intercorrências, mas o parto é difícil... e o filho tão esperado não sobrevive.

A caminho da igreja, num domingo, uma adolescente é sequestrada, estuprada e abandonada num lote baldio, onde fica por horas.

Voltando do trabalho, um pai de quatro filhos pequenos é brutalmente espancado. Seus filhos são encaminhados a um orfanato, onde permanecem meses a fio, até que o pai se recupere.

Tantas tragédias... Quanta dor! Onde está Deus? Como compreender a mente Dele?

A Bíblia nos diz que o Senhor abençoa aqueles que O temem1. Ao mesmo tempo, afirma que Deus envia chuva sobre justos e injustos2...

Como conciliar essas duas ideias? Como acalentar o nosso coração?



Houve um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó – homem íntegro, reto e que se desviava do mal3.

Entretanto, embora temesse ao Senhor4, Deus permitiu que tudo o que Jó possuía fosse dele retirado: seus bens, seus servos, seus filhos e filhas5.

Mesmo sofrendo muito, Jó não se rebelou contra o Seu Criador:

– (...) o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR6!

Tempos depois, Jó foi ferido por tumores da cabeça ao pé. Tamanha era a sua agonia, que ele passou a raspar com um caco onde lhe estava insuportável7.



 

Ainda assim, não pecou contra Deus.

– Não desprezes a disciplina do Todo-Poderoso8... Lança para longe a tua iniquidade9... – acusaram alguns dos seus amigos.
– Íntegro sou10 – respondia Jó, certo da sua inocência.

Por que, então, Deus não o guardou? Quais os propósitos do Pai à vida daquele homem? O que o Senhor o ensinou e quer nos ensinar?

Embora trilhasse os caminhos da justiça, Jó não era desprovido de pecados11. E o lhe aconteceu quebrantou aquilo que ainda havia nele de autoconfiança, autossuficiência, força ou vontade próprias:

– (...) por isso me arrependo no pó e na cinza12...

Além do mais, Jó pôde testemunhar de forma vívida, depois de toda a tormenta, como Deus é soberano, excelso13:

– Bem sei que tudo podes e nenhum dos teus planos pode ser frustrado14.




Isso certamente semeou em Jó descanso e confiança nos propósitos do Pai:

– Na verdade falei do que não entendia, coisas maravilhosas demais para mim15...

Essa confiança trouxe paz àquele coração ferido e alargou a intimidade de Jó com o Senhor: 

– Eu Te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos Te veem16.





Assim como ele, nesta vida enfrentamos muitas aflições17! Saudades, perdas, violências e injustiças nos rodeiam o tempo todo18... Por vezes, sentimos nossas forças se esvaírem19...

Mas Deus nos ensina – com o exemplo de Jó – que Ele está no controle de tudo20! E que o Seu cuidado e carinho por aqueles que O temem são inesgotáveis21...! Tal como conhece cada estrela do céu que criou e cada fio de cabelo que nasce, Deus Se importa com cada lágrima que escorre do nosso coração22!




E se o Seu propósito – temporariamente – é nos provar23: ah! Ele quer nos dar a honra de O conhecermos melhor e de aprendermos lições que só na dor compreendemos24... Lições de fé e perseverança... Lições de submissão e obediência... Lições de misericórdia e graça... Lições de amor – sobretudo de amor! A dor é um solo fértil para a ação do Senhor.

Deus nos ama tanto que, como Pai maravilhoso, não se cansa de querer nos melhorar, nos edificar25... Ele não quer nos deixar como somos: quer nos enriquecer com virtudes que só Nele há26!

Seus pensamentos, às vezes incompreensíveis, são muito mais altos do que os nossos27 – diz a Escritura –, mas são sempre pensamentos de paz, não de mal28... Por isso, Ele nos dá forças para enfrentarmos cada desafio e, depois de cada tempestade, enxuga nossa dor com o Seu amor29!

E com as lágrimas recolhidas de nós, Ele rega mais flores no jardim da esperança30... Muitos que passam por lá, também são consolados com o perfume e a beleza das pétalas31!





                                     Pablo Bernardes



Referências bíblicas que embasam o texto:

1) Salmos 25.12-14; 103.11,17-18; 115.13; 128.1-4; 145.18-20
2) Salmo 145.9; Mateus 5.45
3) Jó 1.1-8
4) Jó 1.8 e 2.3
5) Jó 1.16-19
6) Jó 1.21-22
7) Jó 2.7-8
8) Jó 5.17b
9) Jó 11.14a
10) Jó 9.20
11) Romanos 3.10,12 e 23; Salmo 53.3
12) Jó 42.6
13) Salmos 93.1-2 e 95.3; Apocalipse 1.5; Isaías 55.11; 1 Timóteo 6.15
14) Jó 42.2
15) Jó 42.3
16) Jó 42.5
17) Jó 16.33; Salmos 34.19 e 119.71
18) Salmos 37.32 e 44.22
19) Salmos 88.3 e 13; 102.3-5; Jeremias 8.18
20) Jó 41.11; Salmos 24.1 e 73.26
21) Salmos 84.11 e 55.22; 1 Pedro 5.7
22) Salmo 46.1
23) Isaías 48.17; Jeremias 20.12
24) Jeremias 9.24
25) Isaías 64.8; Jeremias 18.4
26) Salmo 143.10; Atos 20.32
27) Isaías 55.8-9
28) Jeremias 29.11
29) Salmos 23.4 e 50.14; Isaías 40.29: Efésios 6.10
30) Salmos 56.8 e 62.5
31) 2 Coríntios 1.4